A depressão é o mal do século. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), até 2030, o transtorno será responsável pela maioria dos afastamentos no trabalho. Embora ainda envolta em muito preconceito e desconfiança, a depressão está longe de ser uma frescura.
Deste modo, a partir de hoje, farei algumas publicações neste espaço, fruto de uma parceria com a Revista Ampla. A entrevista foi realizada com o psicólogo Igor Pulido dos Santos. Ele é especialista em Neuropsicologia e atende no município de Rondon (PR).
O entrevistado explica que a depressão é o adoecimento do cérebro e da mente, afetando a funcionalidade e atividades do cotidiano. “Ela rebaixa os níveis de humor, provocando desinteresse pelas tarefas do dia a dia. A pessoa não tem estímulo e vontade para fazer nada”, pondera Santos.
É importante esclarecer que a depressão não tem nada a ver com a tristeza. “A tristeza é uma sensação comum que todos nós sentimos a qualquer momento da vida, diante de um aborrecimento, uma situação inusitada e triste”, esclarece Igor Pulido dos Santos. “A depressão é algo mais persistente e precisa ocorrer de forma ininterrupta por, pelo menos, duas semanas”, complementa.
Neste caso, é importante recorrer aos manuais que discorrem sobre as doenças de maneira geral. De acordo com a Classificação Internacional de Doenças (CID), existem níveis diferentes de depressão. Há aquelas com humor rebaixado, a fase maníaca ou eufórica, com alternância de interesse e desinteresse pelas coisas.
Já o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, o DSM-5-TR, da American Psyquiatric Association, aponta o transtorno depressivo maior é “caracterizado por episódios distintos de pelo menos duas semanas de duração (…) envolvendo alterações nítidas no afeto, na cognição e em funções neurovegetativas, e remissões interepsisódicas.” (DSM-5-TR, 2023, p.177).
Para entender melhor cada situação, é importante fazer o diagnóstico. Neste caso, ele pode ser realizado tanto pelo psicólogo quanto por um psiquiatra, ou, de preferência, num trabalho multidisciplinar. Caso necessário, o tratamento pode envolver medicamentos, estes sempre prescritos e acompanhados pelo psiquiatra.
Já as causas da depressão, o mal do século, são muito variáveis. Elas envolvem, entre outros aspectos, o contexto biopsicossocial em que o indivíduo está inserido. Alguns estudos também apontam uma transferência genética para este tipo de transtorno. Porém, cada caso precisa ser investigado de forma precisa e individual. Cabe salientar que se trata de uma ação que envolve tempo e disponibilidade tanto dos profissionais quanto, e principalmente, do paciente.
Entre os fatores de tratamento da depressão, a atividade física aparece com grande destaque. De acordo com Santos, um estudo feito na Austrália reconheceu que a prática de exercícios pode colaborar com a melhoria do paciente em até duas vezes mais do que aqueles que são tratados apenas com medicamentos e psicoterapia. À família e amigos, cabe acolher, não invalidar o sofrimento alheio, e oferecer suporte para que a pessoa depressiva procura ajuda profissional o mais rápido possível.